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Nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022. O interrogatório foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e ocorreu presencialmente em Brasília.

Durante a oitiva, Bolsonaro negou que tenha articulado qualquer plano para subverter a ordem democrática ou impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. “Nunca pensei em romper com a Constituição. Discutimos possibilidades dentro dos limites da lei”, afirmou o ex-presidente. Ele classificou como “malucos” alguns de seus apoiadores que acamparam em frente a quartéis pedindo intervenção militar após sua derrota nas urnas.

O depoimento faz parte da etapa final das apurações sobre uma possível trama golpista envolvendo integrantes do alto escalão do governo anterior, militares e ex-ministros. Bolsonaro é um dos investigados principais e já teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados por decisão do STF. Antes dele, já haviam sido ouvidos nomes como Mauro Cid (ex-ajudante de ordens e delator), os ex-ministros Anderson Torres e Augusto Heleno, além do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem.

Bolsonaro também voltou a levantar dúvidas sobre o sistema eletrônico de votação, afirmando que usou documentos de entidades como a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) para embasar questionamentos. O ministro Alexandre de Moraes rebateu de forma enfática: “O sistema eletrônico de votação é seguro, auditável e não há qualquer dúvida jurídica ou técnica sobre sua legitimidade.”

Em um momento descontraído (mas carregado de ironia), Bolsonaro chegou a sugerir o nome de Alexandre de Moraes como vice-presidente em uma eventual candidatura presidencial em 2026. “O senhor seria um bom nome, ministro. Temos nossas diferenças, mas é uma figura forte”, disse Bolsonaro, arrancando reações contidas no plenário. Ele também se desculpou por ter, no ado, feito insinuações de que Moraes teria recebido propina, reconhecendo que “foi um erro”.

Ainda nesta semana, deverão ser ouvidos o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o general Walter Braga Netto, que participará por videoconferência diretamente do Rio de Janeiro.

A expectativa é que, após a conclusão dessa rodada de oitivas, a Procuradoria-Geral da República apresente suas alegações finais. O STF pode julgar o caso até o fim de 2025. Se condenado, Jair Bolsonaro poderá ficar inelegível por mais tempo e até enfrentar penas criminais mais severas, dependendo da tipificação do crime.